Caixa não deve elevar juros para classe média, afirma novo presidente da instituição
Polêmica foi desfeita nesta terça-feira
O novo presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, descartou nesta terça-feira (8) eventual elevação nas taxas de juro imobiliário voltadas à classe média. A declaração ocorreu após Guimarães ter provocado repercussão, na segunda-feira, ao dizer que as linhas endereçadas a essa parcela da sociedade seguirão níveis praticados no restante do mercado. Nesta terça-feira, o dirigente também voltou a frisar que as modalidades para a classe média ficarão em patamar acima daquelas vinculadas ao Minha Casa Minha Vida. O programa do governo federal engloba quem tem renda familiar de até R$ 7 mil.
"É óbvio que o juro para a classe média, que não é o do Minha Casa Minha Vida, por definição matemática, é maior", afirmou o novo presidente da Caixa.
Na prática, caso o banco confirme a sinalização de Guimarães, não provocará grandes mudanças aos consumidores, apontam analistas. A avaliação está ancorada no fato de a Caixa já oferecer linhas para a classe média em níveis similares àquelas de concorrentes privados. Em alguns casos, chegam a ser superiores às de outras instituições (confira no quadro abaixo).
"Houve momento em que a Caixa oferecia linhas bem mais baixas. Hoje, a situação não é mais a mesma. A nova direção da Caixa sinalizou que vai se preocupar mais com pessoas de renda menor", diz Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de estudos e pesquisas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade.
Para o economista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho & Associados, a postura de Guimarães está em linha com a promessa de atuação liberal do governo Jair Bolsonaro. Segundo o analista, não há espaço, no curto prazo, para o banco público elevar as modalidades de financiamento imobiliário para a classe média. Ao sustentar sua avaliação, Salles argumenta que a taxa Selic, que serve de referência para as demais no país, tende a seguir em nível inferior nos próximos meses. Hoje, o juro básico está em 6,5% ao ano, menor patamar já registrado no Brasil.
O nível das taxas de financiamento imobiliário dependerá muito do comportamento da Selic. E a tendência é de que o juro básico siga inalterado nos próximos meses. Presidente do Sindicato da Habitação do Estado (Secovi-RS), Moacyr Schukster projeta que, no primeiro semestre deste ano, tanto empresários do setor quanto consumidores tendem a apresentar "cautela", à espera das medidas que o governo federal anunciará para a economia
"O presidente da Caixa sinalizou que o financiamento imobiliário, pelo menos dentro da classe média, vai andar mais pelo mercado. Mas ainda é cedo para vaticinar qualquer efeito que isso poderá causar", diz Schukster.
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